21 de novembro de 2013

"Depois de viver em um lugar em que é possível trabalhar para viver é muito complicado conter a vontade de mudar para um outro lugar"

Arquivo pessoal


Nome: Marli de Oliveira

Idade: 33 anos
 
Objetivo inicial na Irlanda: Como a maioria eu queria falar inglês de verdade e realizar o sonho de morar fora. A princípio a Irlanda não era minha primeira opção, achei que nunca aguentaria o frio, mas com o tempo me apaixonei pela ideia de estar tão perto dos lugares que eu sempre quis conhecer. 

Quanto tempo ficou na Irlanda? Fiquei um ano. 

Quando voltou para o Brasil?  Voltei para o Brasil dia 23 de Abril de 2013. 

Como foi sua primeira semana no Brasil? A primeira semana foi de alegria, apesar de achar tudo meio estranho rs  .  Depois de um ano longe, reencontrar a família e os amigos é uma emoção que não tem preço. 

O que mais sente falta da Irlanda? No início eu sentia falta de tudo, dos amigos, dos passeios, dos bebês que eu cuidava, da vida despreocupada que eu levava em Dublin... acho que é uma espécie de luto pelo que deixamos para traz. Com o tempo a vida vai entrando nos eixos novamente. Eu ainda estou nesse processo de readaptação, mas o que realmente me faz falta é a segurança de poder fazer as coisas do cotidiano sem a preocupação com essa violência que está a cada dia mais absurda. 

O que NÃO sente falta da Irlanda? A única coisa que não sinto falta é do clima. 

Quais os planos para o futuro? Retomar a carreira, estudar outras línguas, viajar ... 

Se pudesse  escolher um dos dois países para viver "para sempre" qual escolheria? Ainda não tenho uma resposta definitiva para essa pergunta. O Brasil é um país de belezas infinitas e é aqui que moram as pessoas que amo e que são importantes para mim, porém depois de viver em um lugar seguro, onde as coisas realmente funcionam, as pessoas são educadas, em que é possível trabalhar para viver (ainda que em posições que não trabalharíamos aqui ) e não o contrário é muito complicado conter a vontade de mudar para um outro lugar.

Acho que eu não moraria novamente em Dublin porque já vivi essa experiência, mas escolheria outro destino na Europa se fosse o caso . 

Valeu a pena? Valeu muito a pena. Foi a realização de um sonho e não tenho do que reclamar, tudo deu muito certo, desde o início.

Consegui emprego logo no primeiro mês e a família era muito legal, tenho contato com eles até hoje e morro de saudades dos bebês.  Neste um ano de intercâmbio viajei mais do que em minha vida inteira, conheci lugares lindos, pessoas maravilhosas e reencontrei alguns amigos de longa data que estavam espalhados pelo mundo.  Claro que nem tudo é perfeito, mas enfrentar o que vier e amadurecer  também faz parte do intercâmbio.

Tudo o que vivi nesse período foi único, sei que farei outras viagens, visitarei outros lugares... posso até conhecer o mundo inteiro, mas nenhum lugar no mundo será como Dublin. 


18 de novembro de 2013

"Esse tipo de experiência é viciante... sou uma pessoa mais completa agora", diz intercambista que passou quase seis meses na Irlanda


Nome: Gabriela Ferigato 
Idade: 23 anos 

Objetivo inicial na Irlanda: Fazer intercâmbio sempre esteve na minha lista de “coisas para fazer antes de morrer”. Sempre foi um objetivo e um sonho muito especial. É claro que pensei no intercâmbio como uma maneira de “efetivar” o meu inglês. Fiz inglês por muitos anos, mas morar fora iria me proporcionar fluência no idioma (ou muito próximo a isso). Mas muito mais importante que isso, eu queria ter a experiência de morar em um país com uma cultura totalmente diferente. 

Queria “me virar sozinha”, amadurecer, ser mais independente. Sair da nossa zona de conforto provoca isso. No Brasil tenho minha família e amigos sempre por perto. Quando preciso de algo sei onde procurar, se tenho algum problema sei a quem recorrer. No intercâmbio é tudo novo...uma vida nova. Uma vida que você descobre como viver aos poucos e isso traz independência. Foi isso o que eu procurei no intercâmbio. Confesso que a Irlanda não era um objetivo, e sim a Europa. Por meio de pesquisas achei um programa de au pair muito interessante e não pensei duas vezes.

Quanto tempo ficou na Irlanda? Ao todo 6 meses – durante quase um mês fiz mochilão pela Europa.

Quando voltou para o Brasil? Voltei no dia 5 de julho deste ano. 

Como foi sua primeira semana no Brasil? Foi muito boa, achei que a adaptação seria mais demorada, mas foi totalmente ao contrário. Matei saudade de todos e cheguei com muita energia para procurar emprego e continuar “ticando” os itens da minha lista de “coisas para fazer antes de morrer”. Por sorte consegui um emprego um mês depois de chegar então a rotina ajudou a amenizar a saudade da Ilha Esmeralda. 

O que mais sente falta da Irlanda? A minha maior saudade é a minha família irlandesa (onde eu morei e trabalhei como au pair – cuidando de dois meninos lindos). Ainda tenho contato com eles, mas sinto falta da minha rotina lá, de ler histórias para eles antes de dormir, dos abraços, de esperar o mais velho na porta da escola, das brincadeiras. Sinto falta das pessoas de lá....de receber um “bom dia” de pessoas desconhecidas. Sinto falta do clima de “cidade pequena” (não morava no centro de Dublin, mas sim em Dun Laoghaire - 40 minutos do centro). Sinto falta de caminhar no pier e sentar em uma pedra ao lado do mar e só ouvir o barulho das ondas que quebravam nas pedras. Sinto falta dos pubs, é claro, e do clima que ele proporcionava. Sinto falta de tomar uma Guinness ouvindo música celta. Sinto falta da facilidade de se “locomover”, quase tudo era a pé. Posso continuar por muito tempo listando as minhas saudades. Me apaixonei pela Irlanda e por tudo que essa experiência me proporcionou. 

O que NÃO sente falta da Irlanda? Olha, apesar de AMAR o frio e a chuva, confesso que lá isso irrita às vezes. Como tudo é feito a pé, a chuva atrapalha um pouco. Mas, em pouco tempo, você descobre o verdadeiro “clima” irlandês. Podemos presenciar as quatro estações do ano em um único dia. Sinceramente é difícil pensar em algo que eu não sinto falta. A Irlanda é realmente um lugar incrível, mas acho que eu também dei muita sorte. Já fui com casa e trabalho e fui recebida por uma família incrível e dois meninos lindos (conheço au pairs que sofrem com as crianças e com a família haha), mas eu tirei a sorte grande. 

Quais os planos para o futuro? Esse tipo de experiência é “viciante”. Quando você vive tudo isso e pode ver “um pouco” de como as outras culturas são fascinantes, como as pessoas são diferentes, como os lugares são incríveis, isso só te faz querer mais e mais. Então como planos para o futuro eu quero mais experiências assim. Ah, além de voltar para Irlanda um dia. 

Se pudesse escolher um dos dois países para viver "para sempre" qual escolheria? Difícil. Eu amo o Brasil e senti falta da minha vida aqui, assim como, ao chegar, lembrei que definitivamente não senti falta de muitas coisas. Mas todo lugar é assim. A minha vida lá era completamente diferente da que eu levava antes de ir e mesmo depois que eu cheguei. Aqui eu tenho minha família e amigos, tenho a minha profissão e a minha rotina. Lá era outra rotina e eu não trabalhava com jornalismo. Preciso pensar que se fosse para viver lá “para sempre” eu teria uma rotina bem diferente da que eu tive como au pair. Mas por tudo que eu vivi lá eu tenho certeza que seria tão incrível como foi. Quando eu fui embora eu disse para a minha família irlandesa: “Ireland is home away from home”. 

Valeu a pena? Sem dúvidas. Foi uma experiência incrível e me fez muito bem. Sinto que eu precisava dessa vivência. É algo que eu lembro com muito carinho e tenho certeza que sempre vou lembrar. Acho que sou uma pessoa mais completa agora.


11 de novembro de 2013

"A falta de sol é um pouco depressiva", diz jornalista que morou dois anos e meio na Ilha

Arquivo pessoal
Nome: Daiani da Silveira 
Idade: 28 anos 

Objetivo inicial na Irlanda: Aprofundar os estudos na língua inglesa. 

Quanto tempo ficou na Irlanda? Dois anos e seis meses 

Quando voltou para o Brasil? Dia 04 de outubro. [2013]


Por que decidiu voltar? Porque alcancei o meu objetivo de ter inglês avançado e percebi que para ter inglês fluente teria que ficar na Irlanda mais uns dois ou três anos, porém, trabalhando em subempregos. Estava com saudade da família e da minha profissão [jornalista].
 

Como foi sua primeira semana no Brasil? Foi bastante estranha. Achei tudo muito barulhento, o trânsito, as pessoas nas ruas, os vendedores ambulantes. Também chamou à atenção a poluição, pois na Irlanda tudo é bonito e preservado. Aqui no Brasil, além do lixo nas ruas, os prédios e poucos parques que existem são pichados.

Qual cidade você mora atualmente? Gravataí - RS


Você já conseguiu retomar sua vida profissional? Ainda não. A primeira semana foi adaptação ao fuso horário. Nas outras duas semanas seguintes visitei familiares e amigos. Agora que vou começar a focar a minha recolocação no mercado de trabalho.

Você já se acostumou com a “nova vida” aqui? Ainda não. Acho que vai levar um tempo até lembrar de como é viver no Brasil. Sinto muita insegurança quando saio na rua, evito assistir noticiários que mostrem a violência dos nossos centros urbanos. Olho para as ruas e acho tudo barulhento e sujo. Enfim, essa adaptação vai acontecer aos poucos.

O que mais sente falta da Irlanda? Dos parques. Era meu programa predileto ir aos parques. Quando eu não ia para correr ou me exercitar, eu ia para ler um livro, tomar um café ou então tirar um cochilo na grama verde ouvindo o canto dos pássaros. Deixava a minha bolsa com meu celular, dinheiro e documentos ao meu lado e podia dormir tranquila, nunca fui roubada. Essa tranquilidade e qualidade de vida é o que mais sinto falta.


O que NÃO sente falta da Irlanda? O clima. Para quem nasceu em um País tropical é complicado viver sem a presença do sol. No meu caso, o frio, a chuva e o vento não me incomodavam, pois sou do Rio Grande do Sul, onde o inverno é similar. Porém, mesmo com vento e temperaturas negativas, o sol está presente o ano todo para nos energizar. E na Irlanda, cheguei a passar meses sem a presença do sol. Sempre chovendo ou a tradicional neblina que deixa o País cinza.


Você voltaria para Dublin para morar ou estudar? Sim, se eu tivesse a oportunidade de voltar para Dublin para estudar, voltaria para um mestrado ou especialização na minha área. Acho que não voltaria para morar para sempre, pois a falta de sol é um pouco depressiva, principalmente no inverno, quando às 16 horas escurece e às 9 horas amanhece o dia.

Quais os planos para o futuro aqui no Brasil? Em primeiro lugar retomar a minha carreira de jornalista. Gostaria muito também de colaborar para a melhoria do nosso País, através da conscientização das gerações futuras, sobre a importância de preservar a natureza, respeitar as pessoas e ser solitário. Ainda não sei como fazer isso, mas acredito que educar as crianças é o caminho para um Brasil melhor. Quem sabe um dia poderemos dormir tranquilos em nossos parques, sem o medo de roubo, assalto, etc.

6 de novembro de 2013

"Sinto falta de trabalhar por um período justo e ter um bom ganho financeiro"

 
Reprodução Facebook



Nome: Carlos Fernandes
Idade: 36

Objetivo inicial na Irlanda: Estudar inglês e conhecer novas culturas, não só vivendo em outro país como viajando por outros países europeus.

Quanto tempo ficou na Irlanda? 1 ano

Quando voltou para o Brasil? Em março de 2013

Por que decidiu voltar? Ficar longe da família é, talvez, a questão mais difícil quando se está morando em um país distante. Eu já havia perdido o casamento de uma das minhas irmãs e minha outra irmã estava grávida da minha primeira sobrinha. E eu não queria perder também o nascimento dela. Em resumo, a decisão da volta se concentrou na família.

Como foi sua primeira semana no Brasil? Foi bem intensa. Foi uma semana inteira comendo pizza, churrasco, lanches e tudo aquilo que não era comum na Irlanda. Revi minha família toda. E é uma semana em que você tem um ano de história para contar. É o tempo falando sobre tudo que vc vivenciou em outro país, suas viagens, seus amigos gringos, enfim... e fazendo comparações com o Brasil.

Qual cidade você mora atualmente? Taubaté/SP

Você já conseguiu retomar sua vida profissional? Não. Está muito difícil e o país, como sempre, vive na utopia de que as coisas estão melhores.

Você já se acostumou com a “nova vida” aqui? Não e nem me acostumarei. Quando se tem a oportunidade de conhecer e viver uma vida onde as coisas funcionam, andam para a frente, em que existe respeito por parte de pessoas e governantes, segurança, enfim, tantas outras coisas, acostumar com o Brasil passa ser algo improvável.

O que mais sente falta da Irlanda? De trabalhar por um período justo e ter um bom ganho financeiro, da segurança, do poder de compra, do baixo preço de muitas coisas como roupas e viagens, por exemplo. Sinto falta da educação do povo no trânsito e no dia a dia, no “com licença”, “desculpe” e “obrigado”, do transporte público utilizado por ricos e não ricos. São tantas coisas inexistentes no Brasil que a lista seria enorme. Mas isso não se resume a Irlanda especificamente. Nos países em que visitei na Europa existe muito disso também.

O que NÃO sente falta da Irlanda? Essa é fácil: dos mais de 200 dias em média por ano de chuva e dos ventos com chuva e frio ao mesmo tempo.

Você voltaria para Dublin para morar ou estudar? Por quê? Voltaria para trabalhar. Para fazer o mesmo que eu fiz acredito que não. Mas se eu tivesse uma proposta de trabalho me mudaria pra lá sim. Ou, quem sabe, fazer uma ponte entre Irlanda e algum outro país europeu.

Quais os planos para o futuro aqui no Brasil? Na verdade não tenho planos maiores por aqui. As coisas não estão bem encaminhadas e a vontade minha e da minha namorada (que esteve comigo em Dublin e que já havia morado por lá por 2 anos) é de morar em definitivo em outro país. Dentro do nosso planejamento de vida não há nada que se encaixe no Brasil. Não vemos futuro para o país e sabemos que as condições lá fora são infinitamente maiores. Não estamos felizes vivendo aqui. Quando se tem a oportunidade de conhecer o lado bom é lá que vc quer estar.

3 de novembro de 2013

"Não consigo parar de comparar... e a Irlanda sempre vence", diz intercambista que voltou para o Brasil

Reprodução Facebook


Nome: Diogo Hot
Idade: 26

Objetivo inicial na Irlanda: Primeiro objetivo era simplesmente pelo fato de morar fora e poder viajar para vários países. Sempre tive essa vontade. Na medida em que o sonho foi se tornando realidade passei a traçar outros objetivos: a melhora do meu inglês e consequentemente o certificado de Cambridge.

Quanto tempo ficou na Irlanda? Pouco mais de oito meses.

Quando voltou para o Brasil? Em fevereiro desse ano.

Por que decidiu voltar? Minha namorada, que foi comigo pra Dublin, ficou apenas cinco meses. Nós combinamos que eu ficaria até completar o curso, fazer minha prova e fazer meu mochilão. Completado isso, decidi voltar. Mas sempre falo pra ela que devíamos ter ficado mais.

Como foi sua primeira semana no Brasil? Sensacional. Rever as pessoas que amo, pais, namorada, irmãos, meu pug, depois de tanto tempo longe foi muito bom. Minha mãe fez todos os pratos que eu pedi, devo ter engordado uns 3kg naquela semana.

Qual cidade você mora atualmente? Belo Horizonte, MG.

Você já conseguiu retomar sua vida profissional? Sim, trabalho na mesma empresa que trabalhava antes de viajar. Trabalho com informática.

Você já se acostumou com a “nova vida” aqui? Não. Esse é o grande problema da minha vida, na verdade. Não consigo parar de comparar. E nas minhas comparações a Irlanda sempre vence. A questão da segurança que eu sentia nas ruas de Dublin sempre me vem à mente quando eu preciso desligar o celular quando estou andando nas ruas daqui, por exemplo. Lembrar de como minha namorada foi atendida pelo sistema de saúde de lá e saber que aqui, mesmo nos melhores hospitais, temos que esperar horas para um atendimento é complicado. Fora a pint de Guinness, que aqui é muito cara!

O que mais sente falta da Irlanda? Na verdade de tudo. Às vezes me pego pensando nos mínimos detalhes desses meus oito meses lá e vejo que sinto falta de qualquer coisa que, aos olhos de outras pessoas, parece uma grande bobagem, como voltar do Tesco com 20kg de compras e começar a chover do nada, mesmo quando não parecia que choveria. Mas a coisa que eu mais sinto falta, com certeza, é de tomar uma Guinness em algum pub com meus amigos, escutando uma “irish music” ao vivo.

O que NÃO sente falta da Irlanda? Da comida. Não que eu não goste de fish and chips, gosto muito aliás, mas sentia falta da nossa comida com frequência. Aquelas lojinhas que vendem feijão brasileiro salvaram várias vezes.

Você voltaria para Dublin para morar ou estudar? Voltaria, e na verdade espero voltar. Tenho planos de voltar em alguns anos e ficar mais da próxima vez. Tentar um emprego fixo e me estabilizar. Assim poderia morar onde gosto e visitar minha família no Brasil uma vez por ano.

Quais os planos para o futuro aqui no Brasil? Continuar trabalhando e tentar economizar o máximo possível para conseguir voltar.